quinta-feira, 2 de junho de 2011

anptecre

02/06/11
A sina de um "cavaleiro marginal" é fardo pouco suave.
Destinado a propagar as desilusões por vir, seus brados não são ouvidos por aqueles que se compreendem distantes das agruras profetizadas.
Todavia, a incumbência desse arauto é anunciar àqueles que se consideram imunes, aquilo que já aconteceu aos que, antes imunes, agora se percebem afetados por aquilo de que zombavam.

Longe deste autor se perceber como profeta apocaliptico, o comparativo com o 'cavaleiro marginal' de Lô Borges parece imediato ao me postar diante da realidade que se tem constituído em torno da questão trabalhista envolvendo os Trabalhadores Religiosos.
O que se escuta é a insistente música da qual se extraem estrofes que confirmam a negativa do vínculo de emprego desses trabalhadores, o caráter voluntário da prestação do serviço e a subordinação direta e exclusiva a Deus somente.
A harmonia dessa cantata entoada tanto por doutrinadores como por juizes do trabalho, tem sido reforçada pelo canto dos próprios religiosos, os quais se apercebem a si mesmos como diferentes dos demais trabalhadores. Estes encontram-se vinculados aos trabalhos terrenos, enquanto aqueles se entendem já em patamar superior, em contato direto com a Divindade, e, por isso, talvez, não mais sujeitos a nenhum controle externo nem a atividades comuns aos demais.

07/06/11
O acorde dissonante nessa sinfonia encontra-se, exatamente, nas situações que não se encerram de maneira adequada, ou seja, quando o vínculo que une os Trabalhadores Religiosos às Instituições Religiosas é interrompido, o que pode ocorrer pelos mais variados motivos.

Nesse momento, infelizmente, não importa mais que "você não quis acreditar", uma vez que o prejuízo efetivamente terminará por ser suportado pessoalmente pelo trabalhador. As situações de extinção da harmonia existente nas relações entre religiosos e "igrejas" levadas ao Judiciário de forma mais corriqueira nos últimos tempos apenas tendem a confirmar que os brados de alguns 'cavaleiros marginais' representam, cada vez mais, algo que seja "tão normal", ao contrário das posição do Judiciário que vê essas situações como exceção.